01/05/2010
Por Ingrid Melander e Amie Ferris-Rotman
ATENAS/MOSCOU, 1o de maio - (Reuters) - Centenas de milhares de pessoas participaram de manifestações pelo Dia do Trabalho na Europa neste sábado. Muitos protestavam contra as políticas de austeridade do governo, causadas pela crise financeira global.
Na Grécia, onde o governo arrasado pela dívida comprometeu-se a fazer cortes no orçamento para garantir um empréstimo do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia, os manifestantes queimaram lixeiras e atearam fogo a um carro de uma emissora de TV.
As lojas foram fechadas e as ruas da capital estavam excepcionalmente vazias, exceto pela presença de manifestantes que marchavam em direção ao Parlamento, onde funcionários do Ministério das Finanças, e funcionários da UE e do FMI vêm se reunindo há dias, tentando chegar a um acordo sobre um novo pacote de medidas de austeridade.
"Não à junta do FMI", gritavam os manifestantes, referindo-se à ditadura militar que governou a Grécia de 1967 a 1974.
O pacote de ajuda destina-se a resgatar a Grécia de uma séria crise financeira, que atingiu o euro e abalou os mercados mundiais e a evitar o contágio de outros países da zona do euro.
"Tire as mãos dos nossos direitos", "FMI e Comissão da UE, fora", gritavam os manifestantes enquanto se encaminhavam ao Parlamento. A polícia lançou gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes que tentava chegar à sede do Legislativo.
A perspectiva de mais demonstrações de agitação pública, preocupa os observadores, especialmente depois que uma pesquisa divulgada em Atenas nesta sexta-feira, mostrou que mais da metade da população grega poderia ir às ruas, se novas medidas forem aprovadas.
Na Alemanha, um forte contribuidor do pacote de ajuda grego, a polícia afirmou ter detido cerca de 250 manifestantes de extrema direita, que interpelaram grupos de estrangeiros em um bairro comercial de Berlin Ocidental e atiraram pedras e garrafas na policia.
Em outro confronto pelo Primeiro de Maio, em Berlim Oriental, cerca de 10.000 manifestantes antinazistas tentaram bloquear uma passeata de 500 manifestantes de direita.
Na França, cerca de 300.000 pessoas tomaram as ruas de diversas cidades até o meio dia, como parte das tradicionais manifestações de Primeiro de Maio realizadas pelos sindicatos em muitos países.
Os planos do presidente Sarcozy de reformar o caro sistema de pensão do país, lideravam as reclamações dos manifestantes, assim como os temores relativos à estabilidade no emprego, por causa da crise financeira.
Os manifestantes em Paris gritavam: "Você teve que viver a crise em 2009, agora vai ter que pagar por ela em 2010?"
RÚSSIA SEM PUTIN
Na Rússia, uma manifestação pelo Primeiro de Maio reuniu milhares de simpatizantes comunistas, que marcharam pelas ruas de Moscou, segurando bandeiras vermelhas e retratos do ditador soviético Josef Stalin.
Em uma rara manifestação diferente, aprovada pelas autoridades, policiais assistiam enquanto centenas de ativistas de oposição, protestavam contra o primeiro-ministro, Vladimir Putin, comparando o seu governo ao de Stalin.
"Putin é Stalin! Putin é Brezniev! Rússia sem Putin", gritava a multidão oposicionista, que incluía o ex-mestre da xadrez Garry Kasparov, um dos maiores críticos do Kremlin.
A oposição acusa Putin de silenciar os dissidentes e sufocar as liberdades, quando ele foi presidente entre 2000 e 2008, e critica suas políticas econômicas.
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